A CHAMA CRIOULA E A TRADIÇÃO GAÚCHA

A CHAMA CRIOULA E A TRADIÇÃO GAÚCHA

FOGO: símbolo da vida, da fertilidade desde os primórdios da humanidade.

Símbolo também das tradições gaúchas, nos galpões de acampamento, no acendimento de uma CENTELHA nos cemitérios de campanha e nas comunidades, onde quer que estejam os restos mortais de pessoas que, de uma ou outra forma, trabalharam pela comunidade e pela preservação das raízes, costumes e valores morais de um povo.

Onde quer que estejam desfraldados os lenços, brancos simbolizando os campos com geada e os vermelhos os brasedos dos fogões de acampamento, ambos despertando hoje o mesmo sentimento de amor pelo Rio Grande.

Quando os povos respeitarem as tradições, a preservação dos valores morais e dos costumes, com certeza haverá mais harmonia, mais união e menos violência.

A Tradição Gaúcha nos ensina a respeitar e a valorizar as pessoas, mesmo depois de mortas, pelos feitos, pela bravura e principalmente pelo espírito comunitário.

Acender a CHAMA CRIOULA na última morada, de quem muito fez por sua comunidade, é resgatar os valores históricos e fazer uma justa homenagem.

A história descreve que, grandes impérios desapareceram por não respeitarem as tradições culturais do povo.

A tradição nos faz lembrar também, do nascimento da vida, do piazito e da prendinha, que aos poucos vão aprendendo o que é conviver em comunidade, vão aprendendo a respeitar e preservar a cultura de um povo. O piazito e a prendinha, crescem e chegam a um ciclo da vida, ficam velhos e são chamados também pelo Patrão do Universo.

O mate que passava de mão em mão, agora é sorvido solito, tendo como rancho, um frio túmulo entre um emaranhado de cruzes que parecem sentinelas a guardar relíquias para o Patrão do Céu. Total, é a vida. A todos o tempo consome, na sua marcha voraz, no seu caminho sempre pra frente, sem que se saiba exatamente pra onde.

A DERRADEIRA JORNADA: As marcas dessa jornada, na campereada da vida, em todos fica indelével como ferro e fogo. Depois de cruzar muito campo, conhecer muitos galpões, depois de muitas sesteadas, o vivente fica velho e se aproxima da derradeira estrada, rumo ao campo santo, onde fará a sua última parada, solito, antes de partir para matear na estância eterna.

O gaúcho velho, com a vista não alcançando mais as lonjuras do pago, o braço não atirando mais o laço com a mesma destreza, a perna fraqueja na hora de montar e o jeito é encilhar cavalo manso. O tempo já lhe marcou na paleta e seus tempos de peleador estão agora apenas na memória.

Será que ainda entendemos o verdadeiro espírito da TRADIÇÃO? Vamos refletir sobre a corrida do tempo, não apenas lembrando das pessoas, depois que elas bolearam a perna para a estância do além, mas, em vida, para que possam receber o respeito, a gratidão e o carinho pelo que fizeram.

A centelha da chama crioula, acesa num campo santo, reavivará o nosso sentimento e o compromisso de amor pela comunidade, pelas tradições deste garrão de pátria. Que o fogo, símbolo da vida, mantenha aquecido o sentimento de amor pelo Rio Grande, pela preservação das nossas raízes culturais, pelos nossos valores morais e éticos.

A “chama crioula”, assim denominada porque nasceu dentro de um galpão campeiro, num cemitério de campanha. Ela representa na verdade, um simbolismo da história gaúcha, da bravura e do ideal de liberdade de muitos que tombaram no campo de batalha, cujo sangue derramado não foi em vão, pois representa para o Rio Grande do Sul, a possibilidade para lutar pelo seu próprio destino.

Cultuemos pois, a tradição gaúcha, mostremos ao mundo que nossas façanhas servem de exemplo a toda a terra.

Publicado na edição 19

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